
Julgo que faz falta a muitas das pessoas que constituem o actual mundo empresarial terem feito, na sua infância, a iniciação ao “brio”. Certamente que todos se lembram das horas infinitas que passaram na escola primária a recortar flores, frutos, objectos e outras formas geométricas com um pico na mão, uma esponja por baixo de uma folha de papel de lustro com o desenho, a recortar o bem dito motivo. E nos nossos ouvidos uma voz assertiva, sempre a buzinar: “Meninos quero isso perfeitinho!”. Estas horas de “pica pica” despertam em nós a iniciação ao “brio” porque nos motivam a recortar tais formas, com cuidado, gosto e dedicação. É aborrecido estar ali sentado, é um facto, mas por alguma razão existe esta actividade manual na instrução primária.
O “brio” como tudo na vida precisa de ser trabalhado e continuado. O mais curioso é que crescemos e em vez de apuramos o “brio”, descuramos o “desgraçado” por completo. Há casos assim. Há pessoas assim. Mas nem por isso deixam de ter os seus estatutos de Doutores e Engenheiros, Arquitectos e outros estatutos mais pomposos que exibem, com vaidade, nos seus cartões de empresa. São os excelentes e fenomenais, os bestiais, os fantásticos e os louváveis. Só que se esquecem que, muitas vezes, têm por detrás de si mesmos uns cérebros menos louváveis, chamados escravos, “pau para tudo” a fazer-lhes o trabalho com a tal poção mágica chamada “brio”. É aí que entra a “Mania da Superioridade” como descreveu, e muito bem, Hugo Martins no seu texto com o mesmo nome e que faz parte da criação literária mais recente do nosso blogue (leiam-no por favor).
O “brio” não é sinónimo de inteligência rara. O “brio” faz parte de um bom profissional, de quem dá a cara por aquilo que faz no trabalho. O “brio” leva tempo, lá isso leva. Gasta horas, lá isso gasta. Mas existe, e para tê-lo não é preciso ser Doutor, Engenheiro, Arquitecto, Presidente e todos esses títulos que se podem adquirir com uns “aninhos” na universidade. O “brio” surge desde muito pequeno, na escola primária, no “pica pica” a esponja e o papel de lustro, horas a fio. Já pensaram nisso? Pois não, pois sim. Então, e a partir de agora, sempre que estiverem no vosso trabalhinho verifiquem se o senhor “brio” costuma estar sentado ao lado dos Doutores, Engenheiros, Arquitectos e outras figuras ilustres da vossa empresa. Caso não esteja, e com um sorriso nos lábios pensem … Let’s do it but with “brio”! Dizer … só “mesmo mesmo mesmo” se estiverem de saída da empresa e com outro emprego já assegurado, pois não vá “o diabo tecê-las” e receberem uma cartita fechada com a represália pelo manifesto ao senhor “brio”. Bom trabalho, com “brio” obviamente! Ass: CR