Pela mudança de mentalidades que se tem vindo a assistir de geração em geração, pelos novos valores que regem a actual sociedade e que tornam a questão da independência pessoal cada vez maior, por opção ou por qualquer outro motivo viável e aceitável, hoje assistimos a um fenómeno social (mais um …!) cada vez mais emergente – o de se viver sozinho(a) por opção, melhor dizendo, To Live with myself and I.
Sabe bem chegar a casa e ficarmos connosco próprios, é um facto. Sabe bem chegar a casa deixar os sapatos onde queremos, jantar quando nos apetece, relaxar na divisão da casa que maior prazer nos dá, fazer o que queremos e como queremos. Sabe bem dormir no sofá até de madrugada, sem que ninguém nos interrompa o sono e nos peça para dormir na cama. Sabe bem ouvir a música que queremos, à hora que queremos, ao sabor de um bom vinho e sem ter a preocupação de ficarmos “ mais alegres”. Sabe bem ter a noção e a certeza de que estamos bem connosco próprios, é verdade, mas que nem por isso nos iremos tornar um verdadeiro “bicho do mato” ou anti-social. É importante os “outros”, as pessoas como nós.
A independência pessoal surge precisamente quando sentimos que a conquista do nosso próprio espaço é, nada mais nada menos, do que um “pequeno ponto” de partida para um longo caminho de aprendizagem, de gestão de tempo, de organização de vida (a nossa vida). Sabe bem ter estes momentos, mas sabe bem também sabermos que é importante a presença dos “outros” nas nossas vidas: do telefonema dos pais logo pela manhã aos fins-de-semana, a visita da Amiga que quer “bater uma converseta”, do vizinho da frente que nos pede uma cebola para o refogado, enfim, de todas as pessoas que fazem parte da nossa vida.
Ontem falava sobre este assunto com um Amigo. Juntos e ao sabor de um chá de Jasmim comemorámos uma data - há 5 anos que tomei a opção de viver comigo mesma e para mim. É um acto de egoísmo? Certamente … e assumo. É um acto de crescimento? Sem dúvida … e sinto isso. É um acto de emancipação? Também … mas não só.
Gosto de estar comigo mesma, mas nunca deixarei de gostar com os outros, com todos os que me são mais queridos. Não me sinto um “peixe fora de água” por ter tomado esta opção, nunca! Afinal, há tantas pessoas que me rodeiam que tomaram esta atitude nas suas vidas. Hoje, e passados 5 anos, sinto que aprendi a gerir não só uma casa, mas sobretudo, tempo.
E vocês, que também pertencem a esta “nova classe social”, que dizem sobre o vivermos connosco e para nós próprios? Ass: CR