sexta-feira, 9 de março de 2007

Quando a simplicidade marca a diferença

Gosto de conhecer pessoas, sobretudo quando são interessantes. E importantes … não por aquilo que têm, mas sim por aquilo que são. Alain Mikli é um exemplo real do que defino como uma “pessoa interessante”. Conheci-o recentemente, por motivos profissionais, mas de facto tornou-se curiosa a nossa empatia e simpatia. Da minha parte, porque gostei do altruísmo e da simplicidade que o caracteriza. Da sua parte, porque ao esforçar-me por falar em francês, a sua língua mãe, preenchi os requisitos de uma pessoa “três sympathique”.

Alain Mikli é, nada mais nada menos, do que um dos criadores internacionais de óculos mais conhecidos no Mundo, que veio a Portugal para fazer o lançamento de uma Campanha de sensibilização e angariação de fundos de apoio à deficiência visual no nosso país. Talvez já tenham ouvido falar dele se reportarem a Junho de 2004, ano em que foi realizada uma exposição denominada “Regards Tactiles”, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na qual se podiam “ver e tocar” em imagens tácteis em relevo, a preto e branco, feitas a partir de placas de acetato de celulose.

Alain Mikli teve o cuidado de criar uma colecção de óculos específica, denominada Mikli Touch, na qual teve a preocupação de colocar na armação do óculo um logótipo em Braille para que o mesmo possa ser lido e tocado por todos para dar vida a esta Campanha, que acaba de ser lançada em Portugal. O objectivo pretendido é, através da venda desta linha de óculos e, também, do contributo que o público em geral possa dar, oferecer cães-guia a jovens invisuais para que estes tenham autoconfiança nas suas deslocações e se sintam mais integrados na sociedade Só para que possam ter uma ideia mais precisa, o treino de cada cão-guia ronda 20 mil euros … um “bocadinho” caro para quem a vida já levanta tanta dificuldade!

Por cada óculo vendido desta colecção, 6 euros revertem a favor da Associação Mira Europe, especialista no treino de cães-guia para jovens deficientes visuais, valor este suportado pela Alain Mikli Internacional e pelo Institutoptico, o rosto da campanha em Portugal. O valor angariado será depois enviado para a Associação Mira Europe, que efectuará a doação de um cão-guia à ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal para que o mesmo seja entregue a um jovem invisual. São pequenos gestos como este e pessoas nobres, simples e altruístas como o Alain Mikli que fazem toda a diferença. Usando ou não óculos, a verdade é que todos podemos ajudar quem não vê a ter “quase” a mesma autonomia que todos nós temos … porque vemos. Pensem nisso … ;-). Ass: CR

1 comentário:

SoFia disse...

Leio este texto e dois provérbios populares ocorrem-me de imediato: "Em terra de cegos quem tem olho é Rei" e "pior cego é o que não quer ver" e é isto que fazemos diariamente com muitas coisas que nos rodeiam, com a nossa vida muitas vezes, e ao faze-lo desperdiçamos pequenas grandes belezas, fechamos os olhos para o feio e o triste mesmo sabendo que ele está lá. Acredito que quem nao veja , se por um dia pudesse ver, quereria ver bem tudo, todos, os felizes e os infelizes, os bonitos e os feios, o dia e a noite...tudo! Bj gde Carlinha e bom trabalho!